Algumas considerações e fotos sobre esta aventura:

Para quem quiser participar numa coisa desta deixo aqui a minha opinião em jeito de conselho.

É um raid fácil, não há pistas que sejam muito difíceis tecnicamente, para quem esteja habituado a areia então é sempre a andar.

A mota serve qualquer uma, desde que seja bem mantida e preparada para fazer 3000km de pistas essencialmente de pedra … Marrocos não é areia, é pedra. Existe uma tendência agora para ir para as mais levezinhas mas acho que as mono 600cc são o melhor compromisso, mas isso é opinião pessoal. Vê-se lá de tudo, escalheiros de todo o género, até uma transalp antiga (ciclistica e suspensão medíocre) acabou e acho que sem problemas.

Espírito positivo, capacidade de enfrentar o desconforto por longo período de tempo e um bom compromisso entre forma física e técnica de condução é essencial. São 24 horas á volta da mota durante 9 dias, é dose. O meu dia grosso modo era levantar-me às 7h, ás 8h estava a andar de mota, chegava ás 18, bebia uma cerveja, dava duas de treta, às vezes tomava banho, ia ao briefing e jantar, preparava a mota (arranjar qualquer coisa, meter roadbook, comida…) e cama, 5 horas de sono num pardieiro qualquer e mais do mesmo.

As pistas foram fabulosas e adorei o ambiente que rodeava o raid, havendo possibilidades definitivamente vou repetir.


Pré-Raid:

A preparação:








Prontos:


A viagem:
Fronteira


Ferry








Marrocos – Norte


Marraqueche


Que é isto?

Etapa 1: Marraqueche – Tinerhir (foram mais de 500km)

Estava um pouco nervoso a ver sem saber o que iria aparecer, uns diziam que era muito difícil outros que era fácil, estava meio confuso.

Muita estrada, pistas rolantes, uns oeds traiçoeiros e pimba, tombo estúpido, mota no chão eu em pé, selector das mudanças dobrado contra a tampa do motor fazendo um buraco e óleo por todo lado, primeiro pensamento “pronto lixei tudo logo na primeira etapa”. Mas não, pasta de tapar furos, óleo novo do Paulo Carvalho (mesma marca e tudo) e toca a andar.

Com isto tudo foram 2 horas de paragem, que nos fez chegar á ultima pista á noite, não nos deixaram fazer. Eram 50km de pista, a alternativa eram 150km de alcatrão, chegamos ao local de acampamento ás 22h todos rotos.

Pistas brutais, fotos fabulosas!!!

Keep it going!!!

Etapa 2: Tinerhir – Merzouga (mais 500km)

Acordar na garganta do todra é sempre fabuloso.
Etapa com pistas rolantes, uns oeds com pedras, com uma ligação de 200km de alcatrão pelo meio, a última pista era um colosso, adorei. Cheguei a Merzouga cansado mas com um sorriso de orelha a orelha.

Etapa 3: Merzouga – Mhamid

Esta começou com 6km no Erg Chebbi, desatinei um bocado, caí logo no inicio, enervei-me e perdi-me de toda malta que vinha comigo, caí novamente … respirei fundo, acalmei, pensei e comecei a curtir.

Depois do erg tinha uma pista um pouco mais difícil, curvas em areia muito marcadas, parecido com a Figueira e um misto de pedra, rolante e areia.























Almoço:






Marcas do dia.




Arranjos no fim do dia:

Etapa 4: Mhamid – Mhamid

Etapa com escolha, havia um percurso com umas dunas supostamente muito difíceis e outro maior em distancia mas mais acessível, optei pelo segundo e depois de alguns relatos acho que foi a escolha certa atendendo à minha experiencia com a areia.

Foi das melhores etapas que fiz, sozinho quase o tempo todo, a absorver a sensação de rolar no deserto, parava de vez em quando desligava o motor e ficava ali, a curtir o silencio, do melhor.

Cheguei cedo (16h), devia vir com um aspecto, ainda em cima da mota veio um francês e ofereceu-me uma cerveja, foi de golada, das melhores cervejas que bebi na vida, maravilha.



O Controlo de Saída


Luis Lourenço.








O Je:

Venham mais!! Que espetaculo.
E so videos dessas maxines nos capacetes?

Etapa 5: Mhamid – Gue Jeff (Bivouac )

Pistas de areia, Iriki, dar gaz como um tolo (exagerei), saltos, suspensão a bater, necessita outra mola para saltos. Pedra. A Husaberg do Hugo é fixe, trocamos nos últimos kilometros. Cheguei cedo, dormitar e relaxar nas profundezas do lago. Água salgada e peixes que mordem …
Jantar de bacalhau e grão e espetadas com batatas fritas. Vinho.

Deu para recuperar as forças.





Os meus amigos


Umas dunas que encontramos lá no meio

Etapa 6: Gue Jeff (Bivouac ) – Tata

Percurso engraçado, não foi particularmente a etapa que gostei mais, mas teve locais bonitos, piso de pedra com bom andamento. Fiquei no pior pardieiro da minha vida. Nem quero pensar naquilo, devia era ter dormido na tenda. Nesta etapa começava a notar-se o cansaço acumulado, mas nada de especial.











O Sinet, se o raid depender dele não sei se se vai realizar muitos mais anos

Etapa 7: Tata – Icht A etapa do descalabro

Eram 400 e tal km, fiz 300.

As pistas era mais do mesmo, rolantes com pedra, boas paisagens, oeds a fazer o aro ficar quadrado e a exagerar na mão direita.

Furei. Mas resolvi.

Ao kilometro 300 resolvi baixar o andamento, parecia que adivinhava, num instante estava em cima da mota no outro estava no chão, nem soube o que me aconteceu, caí de cabeça e acho que ainda levei com a mota em cima, fiquei meio atordoado com um braço e uma perna a doer-me muito, lá me sentei com a ajuda do Paulo Carvalho, a perna não era nada, o braço também estava mais ou menos, mas a mão direita estava a doer-me muito. Não podia continuar. Nada partido mas umas dores lixadas.

A mota ficou lá e eu fui evacuado no 4x4 duns médicos. O ponto foi dado aos “Depaneurs” para recuperar a mota (isto ainda deu história)

O que aconteceu?
O guarda lamas baixo da 640 Adv partiu e soltou-se e amarrou-se na roda que a fez bloquear de repente. Fez uma égua e lá vou eu a voar. Devia vir a uns 50/60 km/h, acabei por ter uma sorte do caraças.

A sensação é esta: http://vimeo.com/21223833" onclick="window.open(this.href);return false;
Nunca mais ando de guarda lamas baixo em TT

Bem vindo de volta e as melhoras.

Etapa 8: Icht - Plage Blanche

Na noite do dia anterior virei-me para o Casimiro “Ópá trouxeste a minha mota?”, ele: “Não a encontramos” ainda me ri a julgar que estava a brincar, ele garantiu-me que não, e eu passei-me um bocado. Não dormi direito, tinha deixado a mota com chaves na ignição e gps.

Com o ponto de gps fui com o Ivan e outro francês em duas carrinhas procurar a mota de manhã. Lá fomos comigo num estado de muita ansiedade com eles a garantirem que não havia problema.

Chegamos ás 10h30 lá e estava lá a burra, ainda no descanso lateral mesmo no sitio onde a tinha deixado. Dei um “YEEEESSSS” internacional.

Ainda nesse dia safei um Francês numa 690 RR, trocamos de roda, é igual o veio.

Estas crónicas fazem-me sonhar e muito.
5*

Excelente relato, Serôdio!

Caraças!
Tanto falas-te no diabo do guarda-lamas da frente e nos cabos do travão e econteceu mesmo!
É de ficar a pensar... fonix!

As fotos são espetaculares!

Muito bom, imagens brutais

Relato 5*

Que espetaculo

Mais. . .

As melhoras.

WOW

Muito bom Serôdio

Fabuloso!!

Brutal.... essa queda deve ter sido F****... dasse...
Mas ainda bem q tas bem, venha mais...

Etapa 9: Plage Blanche – Agadir

Nesta etapa fiquei um bocado triste de não a fazer de mota, em vez disso foi 30km de praia de pickup e 200 e tal km de alcatrão com o Casimiro e o João a rebocar o RZR do Tiago com ele e o Ricardo lá dentro. Foi uma aventura num estilo diferente mas bem divertida.













Uns amigos que apareceram:





E a seguir outros, foi um bocado surreal:










E pronto foi isto.

Pró ano há mais … espero

Aventura do melhor!
Abraço e boa recuperação.

Brutal!!
Inspirador!
As melhoras!!

É fixe rever algumas coisas na perspectiva positiva do Serodio. Obrigado companheiro.
É de facto o tipo de pensamento e atitude que devem levar para lá, mas não concordo de todo com o "fácil".

Tudo se faz, é verdade, não é que tenha algum trilho transcendente, ou alguma pedra de metro e meio tipo extreme enduro, o problema é a quantidade de kms contínuos de porrada, com pisos dificeis (ou muita pedra, ou muita areia esquisita e cavada de regos, ou muito alcatrão!!!)... Isso sim desgasta e exige bastante das máquinas e do "cagueiro".

Eu e o Serôdio convergimos numa opinião, quem quiser ir deve preparar-se sobretudo em cima da mota, andar regularmente com ela (horas!) e sentir-se à vontade para lá passar 14 ou 15h se for preciso como nos chegou a acontecer logo no 1º dia...

Abraço