Lança, nos videos não dá para ter a noção, aquilo deve ter 40º inclinação, grande parte tem que se descer por um rego com a largura da roda que faz umas pequenas curvas (o que obriga a descer devagar para nao levar um safanão na direcção) e o piso é terra solta e pedra sem tracção absolutamente nenhuma as duas rodas vão de rojo por muito que se controle a travagem.
Quando chegares lá tenho a certeza que mudas de opinião
Paulão, não estás a ver bem o nível desta malta...
De qualquer forma para mim tudo começou dia 22 à noite - cheguei às 21h de Londres, estive um bocado com as cachopas e quando a Madalena levou a Fifi para a cama para lhe contar uma historinha dei um salto à garagem para mudar óleo e filtros na Rally - ela tem 4 filtros - 2 de papel um de cada lado e 2 filtros plásticos que eles chamam de "oil screeners" que apenas se limpam - um desses estava completamente entupido com uma porcaria que nem percebi bem o que era e o óleo tb não estava com aspecto famoso.
O certo é que a Rally deixou de fazer fumo quando parava o motor e agora parece perfeitamente saudavel
DIA 23 - Pensei fazer um mini-recon sozinho, andava cheio de saudades da Rally mas mal saio da garagem sinto a mota varejar...
lembrei-me que a ultima vez que tinha pegado nela em início de Abril lhe tinha tirado as mousses para limpar, lubrificar e colocar os "tyre-locks" ou "tacos" e reparei que num ponto o pneu de trás estava mal encaixado na jante.
Fui a um mecânico da zona que simpatico me ajudou colocando uma válvula estragada no segundo orifício da jante para dar pressão e o certo é que o pneu foi ao sítio. Lá saio a curtir o motor rouco e bruto, meia duzia de curvas e uma ou duas cavaladas e de novo o varejar... o pneu voltou a sair da jante - vou precisar de uma mousse nova que esta já está gasta, ou temporariamente meto uma câmara de ar.
O problema de trocar a mousse para uma câmara de ar é só um: o Desert é um pneu super-rígido, a mousse faz com que ele quase não ceda... da ultima vez demorei 4 horas para trocar ambos, por isso fica para outro dia
Pego na S e parto para o mini-recon: Está um calor infernal sozinho no monte tenho que parar antes de descidas malucas e ir reconhece-las à pata para não acontecer descer algo que depois não tenha saída e não consiga subir... as caminhadas encosta abaixo e acima e o calor deixam-me exausto.
Numa paragem para planear o percurso distraio-me já parado e estreio os Safari no chão - mesmo por baixo do pedal de travão está uma rocha enorme que o empena, mas dá para conduzir
Continuo e após mais uma caminhada de reconhecimento deito-me à sombra de uns eucaliptos ponho-me a tirar umas fotos deitado no chão ao lado da mota... ADORMEÇO!
Não sei se dormi 2 ou 20 minutos mas soube bem
Após 2 ou 3 horitas decido que já chega ainda tenho outras coisas para fazer e amanhã há mais
DIA 24 - Sobrado 8:30, veio muita malta amiga... estes marmanjos não dizem nada no Forum e depois caem assim de paraquedas, 7 gajos pode ser complicado para fazer Recons, se calhar moderamos o trajecto e testamos apenas os troços de ligação e o que já conhecemos.
Lista das ovelhas tresmalhadas
- Cabral
- Ricardo (BOB)
- Mário (Cruiser)
- Rui Spratley
- Paulo Acácio (Snake)
- Paulo (Twinjet)
- Bruno (Darkrider)
Não sabemos do Bruno que vem de Braga nem temos o telemovel dele, o Paulo "Snake" está atrasado, decidimos sair de Sobrado e ir por monte em direcção a Alfena para nos encontrar-mos lá com eles.
O track não tinha muito que enganar mas enganei e acabamos por fazer uns corta-matos engraçados nas terras do Marioti
Após umas subidinhas velhas vamos directos a Alfena e reunimos com os 2 melros dorminhocos.
Lá nos metemos em Vilar de Luz, fazemos o circuitozinho de aquecimento e chegamos à tal descida (a foto é vista de baixo tirada no dia anterior):
O Rui a subir após limparmos os calhaus maiores de dentro do rego:
começa a descer o Cruiser como sempre faz aquilo na boa.
Nesta foto dá para ver porque as motas vêm de rojo, são praí 20cm de altura de cascalho e terra - tracção ZERO.
Numa das paragens o Cruiser dizia que o Recon perfeito era 3 gajos para manter o ritmo vivo e a condução vivinha - este gajo é um craque faz tudo com uma perna às costas e um sorriso de orelha a orelha
Daqui para a frente não houve mais fotos andavamos demasiado entretidos a curtir.
DIA 25 - na noite anterior como já estava à espera o Ricardo telefona a dizer que queria mais
... o Snake diz o mesmo, decidimos desta vez ir para Sul reconhecer velhos caminhos nas serras de Valongo - para os meninos que têm a mania das "nocturnas" eu e o Ricardo inventamos um novo conceito - as "MADRUGAS"
levantar às 6:00 e às 7:00 estamos os 3 no ponto de encontro.
Dali seguimos o Snake conhece aquilo como a palma da mão, entramos mo Parque Paleozóico e lá nos faz uma visita guiada aos "Fojos de Valongo" - gigantescos buracos no solo escavamos por escravos Romanos a seguir os filões de ouro - alguns apenas escondidos por vegetação e com mais de 100m de profundidade
- aqui para estes lados não há "corta-matos" nem "passa ao lado", o fojo das pombas facilmente engole um autocarro... ou vários lado a lado e uma pedra demora praí 8 segundos a chegar ao fundo.
Vamos explorar o interior o Paulo já ali fez Rappel, desceu e subiu ao fundo destes abismos.
O Paulo decide mostrar-nos aquilo por dentro - descemos por um tunel até um patamar inferior, o cenário é impresionante!
de regresso às motos noto que o MT-21 já teve melhores dias, o piso de xisto destas serras não perdoa:
Algumas descidas do Recon que ficam de fora: demasiada cascalheira, demasiada terra lavrada, demasiado inclinada, demasiado tudo junto e termina num precipício
Seguimos caminho até às Antenas... o Ricardo jura a pés juntos que o vigia está lá entretido a namorada
um dos pontos altos do dia - a famigerada descida das antenas - 300m descida a pique, depois de lá entrar não dá para regressar nem para parar é deixar ir e rezar que não corra mal - não queremos desiludir o Lança, esta é capaz de estar ao nível dos seus elevados Standards
Já cá em baixo
Continuamos viagem descemos a Couce, voltamos a subir os caminhos são velhos conhecidos:
o sol já subia no horizonte e nós seguiamos o caminho da luz:
e no marco Geodésico da Serra de Pias somos brindados com mais uma magnífica vista - ao fundo vê-se as duas cristas da Serra da Sta Justa as antenas, a descida maluca e na outra crista o sanatório
cá de cima vê-se todo o Porto, Maia, Valongo até ao mar e mesmo V.N. Gaia... praí 20km ou mais de horizonte
o Snake queria-se atirar por ter aquele charuto mas lá o convenci que um dia há-de ter uma mota de homem
Julio Cesar, Marco António e... Ricardo Teixeira. Poses destas só grandes personagens da História
descanso das montadas
O Ricardo e o Snake juram a pés juntos que esta não dá para subir, eu acho que com jeito dá, mas fica para outro dia
Já no final do Recon damos com uma subida muito longa e ingreme o Snake pára no primeiro patamar e eu parto logo a seguir mas continuo sem parar - algo está errado, estou de punho quase trancado e a mota rabeia que se farta mas progride lentamente - o piso é terra e pedra solta!!! mantenho sangue frio e punho e cedo dou por mim lá e cima com 3 gajos em BTT a olhar para mim como se fosse um extraterrestre.
A seguir vem o Snake mas a mota faz um desvio abrupto para a berma. O Ricardo prepara-se... pneu careca mas coração de leão como sempre bate numa rocha faz uma das suas cavaladas, segura-se bem mas à segunda rocha a GS tomba - começo a correr encosta abaixo, o Ricardo está bem mas a mota está a perder um pouco de óleo do cilindro.
Tiramos a protecção da HP2 que tem feito um genial trabalho, não encontramos nenhuma rachadela visivel, um parafuso meio torto mas pouco mais - terá que ser investigado com calma, a mota trabalha e o Ricardo mostra o que vale e parte dali mesmo e sobe o resto!
O Snake de onde estava não tinha tracção regressa à primeira plataforma por momentos penso que irá à volta por estrada mas logo aparece de punho trancado e à segunda faz aquilo sem espinhas.
Dali direitinhos para casa que o corpo e as montadas já se ressentiam.
Foram apenas algumas horas cada dia mas sempre em excelente companhia, bravos amigos pelas trialeiras do Porto.