Domingo passado, o grupo do costume voltou a reunir-se para mais um magnífico passeio, o qual teria como terreno priveligiado para mais um a agradável aventura, o Concelho de Nordeste.
Com a bela manhã de Outono que se fazia sentir e que já mais parecia o típico Verão de São Martinho, só tinhamos boas razões para nos fazer-mos ao terreno e passar bons momentos aos comandos das nossas “meninas”
Para este passeio, o qual estava projectado para o dia inteiro, compareceram quase todos os elementos habituais, Eu na Suzuki V-Strom 650 Adventure, o Miranda na KTM 950 Adventure, o Gregório na Honda Dominador 650, o Dinis na Suzuki DR 600 Dakar e o mais recente elemento do grupo, o Pedro na KTM 640 Adventure.
Após um cafézinho, depósitos devidamente abastecidos, pressões dos pneus acertadas e uma breve conversa acerca do trajecto, partímos do ponto de encontro habitual, seguindo em direcção ao sul, até Vila Franca do Campo, onde nos esperava alguns percursos fora de estrada muito simples, que actualmente estão a ser convertidos em estradas.
Estes referidos percursos foram um bom exercício de aquecimento, onde nos foi possível enrolar o punho direito com muito à vontade e confiança, pois não se encontrava no terreno qualquer tipo de actividade de construcção.
Belos estradões, com alguma terra solta e que nos proporcionava alguma diversão, fazendo a roda traseira das motas derrapar em aceleração. Espectáculo!
Ainda na Vila Franca do Campo, começaram a surgir os trilhos mais sinuosos e com o piso a apresentar-se gradualmente mais enlameado e irregular, mas nada de especial e que já não estivessemos habituados.
De salientar que o ritmo do passeio estava a ser calmo, de forma a que o grupo não se desagrupasse e de forma a que o Pedro pudesse acompanhar sempre o nosso ritmo, pois ainda está numa fase de ganhar prática e à vontade nestas andanças.
Num dos trilhos, foi necessário atravessar uma pastagem que, supostamente, é particular. No entanto, o grupo seguiu as marcas de circulação de máquinas agrícolas existentes no piso, de forma a não danificar a restante pastagem.
O piso seguido estava super escorregadio e algo mole, essencialmente devido aos dias húmidos que se tem abatido sobre a ilha e, as marcas deixadas no piso pelas máquinas agrícolas, ainda pioram mais a situação.
Contudo, tivemos que efectuar uma paragem forçada, para trabalhos de mecânica, ou seja, sem mais nem menos, a KTM do Miranda “calou-se” e estava com sérias dificuldades em voltar à vida
Após colocá-la numa zona do terreno estável e segura, começamos a analisar os sintomas da “laranjinha”, os quais nos levaram inicialmente a pensar que era falta de bateria. Tentamos várias vezes trazê-la à vida através de uns cabos ligados de uma bateria à outra, mas a mesma teimava em não resistir e “apagava-se”
Mas o cenário de falta de bateria foi afastado, dado que 2 dias antes a KTM tinha recebido uma bateria nova, não havendo motivos contrários a este tipo de falhas. Acresce ainda que após uma análise mais cuidada, a KTM já transmitia sintomas de falha na alimentação, ou seja, parecia que não estava a chegar gasolina ao motor, mesmo tendo os depósitos cheios
A situação começou a tomar contornos mais preocupantes e houve necessidade de aprofundar um pouco mais a nossa intervenção, procedendo-se à desmontagem e verificação de vários componentes.
Mas enquanto alguns queimavam fusíveis na análise do possível problema, outros relaxavam e davam apoio psicológico.
Depois de algum tempo perdido e sem resultados à vista, o Dinis efectuou algumas chamadas para alguns entendidos na matéria, nomeadamente o Nuno César e Carlos Martins dos Nomads e os mesmos acharam que se tratava de falha da bomba de gasolina da KTM, aconselhando-nos a dar uma vista de olhos na mesma.
Assim fizemos e até procedeu-se a algumas acções que pensavamos que resolveria o problema, mas a bomba da Mitsubishi fez birra e nunca mais trabalhou em condições
Perante tal cenário e sem possibilidade de colocar a mota em funcionamento, recebemos mais alguns conselhos do Nuno e Carlos via telefone, levando-nos a fazer uma ligação directa ao carburador (acho eu) do depósito de gasolina esquerdo, dispensando assim a bomba de gasolina.
Esta solução tinha um inconveniente, o depósito de gasolina do lado direito perdia a sua utilidade e passavamos a contar apenas com um. Mas perante o cenário, que se lixe!
Mesmo diante dos problemas, o pessoal não perdeu o sentido de humor e espírito de entre ajuda.
Após efectuada esta operação, a KTM voltou à vida da forma enérgica que lhe conhecemos e voltou a colocar um sorriso no rosto do Miranda, bem como do restante pessoal, porque afinal de contas, já tinha passado quase 3 horas…
Felizmente o pessoal não perdeu o ânimo e decidiu continuar o passeio, sempre com o objectivo de Nordeste em mente.
O nosso MUITO OBRIGADO ao Carlos Martins e Nuno César pelas sábias opiniões e conselhos, pois foram decisivas na resolução dos nossos problemas. Também não posso deixar de referir a disponibilidade do Gregório em por as mãos à obra e ajudar-nos de imediato perante as dificuldades. Obrigado amigo!
Havia apenas que ter atenção ao nível de gasolina da KTM, pois o Miranda apenas tinha um depósito à sua disposição.
Um pouco mais adiante, uma zona de lama que aparentemente parecia mais dura, mas que acabou por se revelar mais mole e até causou alguns ligeiros atascansos .
Nada como um empurrãozinho para resolver estas questões.
Após uma manhã quase perdida em manutenção, havia que parar para reabastecer o organismo.
Uma óptima oportunidade de convívio e para falar de… motas, claro!
O cenário nesta zona era fabulosos, predominando o verde e a envolvência das montanhas
Num abrir e fechar de olhos já estavamos pertinho das Furnas, embora não estivesse nos nossos planos passar por lá.
Contornamos as Furnas através do percurso de montanha do Salto do Cavalo:
No Salto do Cavalo, paragem no miradouro:
E vista fantástica sob o vale das Furnas, onde nem a presença do nevoeiro ofuscou a beleza oferecida por este miradouro:
A partir deste ponto, Nordeste já estava mais perto e o trilho dos Graminhais já espreitava, com o seu característico piso solto.
Neste percurso “off-road” apanhamos com algum nevoeiro e vento, mas nada que chegasse a incomodar seriamente.
Apesar de algo solto, este piso era divertido e acessível.
As vistas também estavam muito interessantes, com as nuvens a conferirem um toque especial a este cenário de montanha.
O trilho dos Graminhais levou-nos rapidamente aos trilhos já pertencentes ao Nordeste, onde a paisagem mudou radicalmente, ou seja, saímos de uma zona aberta e sem a presença de qualquer tipo de vegetação mais densa, para passarmos para uma zona onde os trilhos são super cobertos por árvores, quase não deixando os raiso solares penetrar em algumas zonas.
Os percursos fora de estrada do Concelho de Nordeste primam por zonas fortemente arborizadas e verdejantes e um piso que quase sempre possui alguma humidade, tornando-se escorregadio em algumas partes.
São percursos que possuem algumas zonas muito rápidas, com curvas largas e onde é possível tirar um bom partido do motor e pneus
E uma pequena paragem para recuperar fôlego e para a fotografia de grupo:
2 belas plantas raras ;-)
De volta à terra, esperava-nos algumas zonas com o piso mais degradado, exigindo mais alguma cautela.
De referir que alguns percursos estavam mais estragados devido à passagem dos participantes da prova de TT Regional Transverde 500, a qual realizou-se neste mesmo fim-de-semana que por lá passamos .
Tivemos que ter atenção com algumas valas mais pronunciadas, as quais me causaram alguns sustos, que felizmente não me levaram ao tapete.
Voltando à KTM do Miranda, a mesma estava a portar-se lindamente e nunca mais transpareceu quaisquer anomalias. A solução estava a funcionar em pleno!
Não obstante a isto, o depósito usado para alimentar o motor ficou sem gasolina e, por incrível que pareça, não tínhamos nenhum tipo de tubo para passar gasolina de um depósito para o outro.
Mas a solução foi simples, reboquei o Miranda e a sua KTM até à estação de serviço e tudo se resolveu.
Estava a ser um dia complicado para o Miranda…
O próximo percurso viria a ser a Tronqueira, o qual é sempre um dos nossos favoritos, devido ao seu agradável trajecto e rapidez que nos permite ciurcular.
É impossível não se gostar de atravessar a Tronqueira, pois a intimidade que proporciona entre nós e a natureza é qualquer coisa de especial e fantástica. Dá para nos sentirmos pequenos…
Paragem no Miradouro da Tronqueira:
Árvores e mais árvores…
Nesta paragem, aproveitamos para colocar o pedar de travão da KTM 640 Adventure mais ao gosto do Pedro.
Estas KTMs só dão trabalho…
E de volta ao restante percurso da Tronqueira que, diag-se de passagem, estava a ser feito a um ritmo despachado e divertido. Estava a adorar atravessar a traseira à saída das curvas
O Pedro também já começava a evidenciar um andamento mais relaxado e menos tenso aos comandos da sua LC4. Devagar se vai ao longe!
No fim da Tronqueira, entrada num último trilho, já em direcção à Povoação e com os raios solares a despedirem-se de nós:
Passagem por uma zona de água, Dinis e Gregório com as suas Trails quase peças de Museu:
No final deste trilho, demos por terminado o passeio por percursos fora de estrada, dado que já estava a ficar noite e o pessoal já estava um pouco cansado.
Decidimos rumar a casa pelo asfalto e assim terminar mais um magnífico passeio, que, apesar de ter sido um pouco atribulado e contrário aquilo que tínhamos planeado, acabou por revelar um grande espírito de camaradagem e entre ajuda entre todos os elementos do grupo, perante situações inesperadas.
Um dia bem passado e que certamente será para repetir!
Deixo abaixo algumas estatísticas do passeio:
Número de motas: 5
Quedas: 0 (que eu saiba)
Tempo Deslocação: 03:55
Parado: 06:02
Deslocação Média: 45.2 Km/h
Média Geral: 16.7 Km/h
Velocidade Máxima: 141 Km/h
Ascenção Total: 4051 m
Elevação Máxima: 946 m
Odómetro: 165.92 Km
Mapa com o trajecto do passeio (cortesia Google Earth):
Boas Curvas!
PS: Nos dias a seguir ao passeio, foi encomendado uma bomba de gasolina da FACET, de forma a substituir a problemática bomba de gasolina Mitsubishi, que tantas dores de cabeça já deu a muitos proprietários das KTM 950 Adventure.