Desde que me lesionei na Baja TT ACSport a 15 de Janeiro, passei por um período obrigatório de recuperação, que me obrigou a fazer uma pausa nas motas, quer nos passeios on-road, quer nos passeios off-road.
Bem, 4 costelas partidas e uma fractura na mão direita não era propriamente lesões de não se levar a sério. Portanto, uma boa recuperação impunha-se, porque a vontade de regressar e continuar era grande.
Passado tanto tempo, já tinha iniciado os passeios de estrada e o uso diário da mota como meio de transporte, que tem corrido muito bem, sem qualquer problema da parte das zonas “remendadas”.
Mas faltava o grande teste, ou seja, como reagiria no fora de estrada, com buracos, vibrações, impactos, etc?
Só testando…
E foi isso que fiz no feriado de sexta-feira santa, isto é, juntei-me ao Ricardo e realizamos um passeio essencialmente pela costa norte da ilha, com objectivos muito claros, ritmo moderado, sem pressas, parar quando apetecer, aumentar ou diminuir as dificuldades conforme o desenrolar do passeio, etc.
No fundo, um passeio conforme o corpo reagisse e conforme a nossa vontade
Começamos por trilhos rolantes na zona do Monte Escuro:
Algumas zonas com troncos caídos e sinais de pequenas derrocadas, o normal na ilha.
No início do passeio estava ligeiramente nervoso, o normal quando se deixa de andar durante algum tempo e se perde alguma confiança, mas com o passar dos kms, a confiança voltando aos poucos.
Apesar da confiança ter aumentando gradualmente, houve uma situação ou outra que me deixaram hesitante, mas nada que não superasse.
Alternativa aos portões fechados a cadeado:
Vistas magníficas da zona do Monte Escuro sob a costa norte:
Em direcção à Lagoa de São Brás…
A zona do Monte Escuro é deveras espectacular, especialmente pela combinação de zonas de montanha abertas, com zonas fortemente arborizadas.
A próxima zona a visitar era o Pico da Vela, zona que desconhecia, mas que segundo o Ricardo, valia a pena visitar, mesmo que o caminho para lá chegar fosse, literalmente, caminho de cabras:
Bem, cabras não faltaram, assim como um piso húmido e muito escorregadio, que nos obrigava a dosear a embraiagem com algum cuidado.
Neste tipo de piso não evitei uma pequena queda, quase em “slow motion”, mas sem qualquer consequência.
Contudo, para se chegar ao Pico da Vela foi preciso inventar caminho pela montanha acima:
O Ricardo foi à frente para verificar se era possível, senão, tínhamos que ir pelo trilho que “todos” utilizam.
Enquanto não tinha luz verde para subir, deliciava-me com as vistas desta zona:
Com o Ricardo no topo, tava visto que a subida de montanha era possível, portanto, bora lá:
A subida até foi mais acessível do que aquilo que estava à espera, mas o piso não era o melhor, porque tinha lama, musgo e era escorregadio. Uma vez mais, suavidade/jeitinho com a embraiagem e só um cheirinho de acelrador, que era o suficiente para se progredir nas calmas no terreno.
Bastava um pouco de acelerador e embraiagem a mais para a roda traseira patinar mais do que o desejado…
Mas assim que atingi o topo e já no Pico da Vela, percebi o que o Ricardo queria dizer quando referia que valia a pena, ou seja, mais umas vistas magníficas, com cenário de montanha e com a Lagoa do Fogo a assumir praticamente todo o protagonismo.
Simplesmente encantador:
Obrigado Ricardo, fiquei a conhecer mais um cantinho da nossa bela ilha!
De regresso ao caminho das cabras:
Agora era tempo de experimentar um pouco da costa sul, mais concretamente para os lados de Vila Franca do Campo:
Na costa sul, os habituais encontros com os Lavradores, que se queixam do pessoal que usa os trilhos e deixa os portões das propriedades abertos (entre outras coisas…)
A falta de civismo de alguns praticantes do Enduro/TT ainda é uma realidade, infelizmente.
O Ricardo e o seu novo amigo:
Próximo trilho já é um velho conhecido, cuja lama é o seu cartão de visita:
Não sei porquê, mas prefiro as 4 tempos nos pisos enlameados.
Já perto do final da manhã, eis que o Ricardo tem uma ideia luminosa, sugerindo que subíssemos as pedras da Barrosa.
A minha primeira reacção evasiva, porque como tinha estado algum tempo parado, não me sentia com “pedalada” para uma trialeira mais a sério. Mas depois pensei, e porque não?
Se até ao momento a parte física, incluindo as partes recém recuperadas, estavam a responder bem e sem qualquer sinal de problemas, as pedras da Barrosa seriam mais um bom teste
O único senão era que já não estávamos propriamente “frescos” para uma zona mais “hard enduro”.
Mas lá fomos!
A 1ª parte da Barrosa é sempre mais simples, um aquecimento pró que está para vir.
Se o passeio fosse sempre rolante e fácil não tinha piada...
A 2ª parte é sempre a mais trabalhosa, onde é quase obrigatório escolher a trajectória certa. Aqui, ajuda ter um bom pneu em termos de tracção, além de um motor com um bom binário em baixa e média rotação.
O Ricardo a procurar alternativas, mas sem sucesso:
Já falta pouco!!!
Por precaução paramos um pouco, porque o Ricardo aqueceu demais a sua “moto-serra”. Mas também não vou negar que não estava cansado e que esta paragem até fou bem vinda.
Continuando, já com a meta à vista:
Apesar da idade de concepção, a DR nunca se nega aos desafios e, em trialeiras como esta, o seu binário em baixa e média são sempre grandes aliados. Claro que a relação 14X49 ajuda muito e o motor quase nem se ouve.
Para mim já estava!
Lá vinha o Ricardo “Graham Jarvis” Silva:
Optou por outra via em relação à minha, mas mais trabalhosa:
E fim das pedras da Barrosa, com a vista sob ambos os lados da ilha e a vista sob a Lagoa do Fogo a serem o grande troféu:
Ao longe o Ilhéu da Vila Franca do Campo:
E pronto, o passeio estava basicamente terminado, e, para relaxar um pouco, descemos a fantástica estrada de montanha da Lagoa do Fogo, com as motas desligadas e apreciando a beleza da vista oferecida.
Por hoje já chegava!
Foi um excelente passeio, principalmente porque concluí que já me encontro totalmente recuperado das minhas lesões. Não senti qualquer limitação, dor, impressão ou qualquer coisa parecida, costelas e mão estiveram sempre como nada tivesse acontecido.
Estou super satisfeito e já anseio pelos próximos passeios.
Por outro lado, o passeio foi excelente por o termos feito de forma descontraída e sem pressas, e por termos atravessado trilhos com vistas maravilhosas, como o do Pico da Vela, além de uma ou outra zona mais trabalhosa, que é sempre bem vinda nos passeios deste carácter.
Venham mais destes Ricardo!
Boas Curvas!