Alguns dias atrás, fui contactado através do fórum Adventure Rider por um Motociclista americano, que me informou que estaria de passagem pela ilha por um dia, e que pretendia dar uma voltinha no sentido de conhecer alguns dos locais que já tinha visto em fotografias minhas no Adventure Rider.
Claro que também expressou a sua vontade de conhecer e realizar esta volta na companhia de “Adventure Riders” locais, cenário que de imediato nos interessou e que confirmamos.
Afinal de contas, nada como fazer mais amizades na comunidade Motociclista
Ora bem, após várias trocas de mensagens, eis que chega ao dia de conhecer este americano, de nome Cordell (Cordless no Adventure Rider), junto da ANC Moto Rent, onde iria alugar uma Transalp para esta volta.
Logo pela manhã lá estávamos à sua espera, com o grupo de boas vindas constituído por mim, Miranda, Francisco e Dinis:
Com as apresentações feitas, constatamos de imediato que o Cordell era um tipo descontraído, simpático e muito acessível, o que facilitou a comunicação e interacção do grupo. E, para não variar, um grande apreciador das GS, e com umas quandas “ventoínhas” na sua garagem, a par de algumas outras japonesas.
Já tínhamos um itinerário mais ou menos definido, pelo que ao Cordell apenas cabia seguir-nos e aproveitar toda a beleza da ilha para relaxar e deslumbrar-se.
Claro que o itinerário idealizado contemplava a passagem por alguns dos pontos mais conhecidos e turísticos da ilha, mas o mesmo estava dependente do ritmo de passeio e do tempo perdido nas paragens. Enfim, íamos tentar fazer o melhor possível por este companheiro das 2 rodas, que apenas iria estar na ilha este dia, já que o destino final era a ilha Terceira, para ministrar uma formação ao exército americano lá situado.
Neste sentido, partimos em direcção às Sete Cidades, sentido Ponta Delgada - Covoada, de forma a mostrar alguns miradouros pelo caminho, como o da Lagoa das Empadas e Canário.
Contudo, estes mesmos miradouros estavam fechados, sabe-se lá porquê…
Mas sem stress, porque ainda tínhamos à nossa disposição o miradouro da Vista do Rei, com a sua vista majestosa:
Apesar de ainda termos percorrido poucos kms, o Cordell já estava completamente deslumbrado com toda a beleza natural e já pedia mais.
Ainda realizamos uma volta pelas Cumeeiras, seguido de uma passagem pelo centro das Sete Cidades, para que pudesse ver de perto as Lagoas e toda a envolvência da mesma.
A título de curiosidade, o Cordell intrerssa-se um pouco por Vulcanologia, logo, estava no sítio certo.
Seguiu-se incursão até ao lado norte da ilha, através de Santo António, Capelas, São Vicente,…, até chegarmos à Ribeira Grande, onde o objectivo era mostrar a Lagoa do Fogo, considerada uma das maravilhas de Portugal.
Pelo caminho, um episódio típico de encontrar na ilha, um animal à solta na estrada, com o seu proprietário a tentar colocar-lhe novamente dentro da sua propriedade.
Com a minha ajuda, lá se conseguiu conduzir o animal até ao seu devido lugar.
Pequena paragem na subida à Lagoa do Fogo, onde a vista sob a costa norte é muito interessante:
E a paragem no principal miradouro da Lagoa do Fogo, com o Cordell a adorar aquilo que lhe estávamos a oferecer aos seus olhos:
Depois descemos a Lagoa do Fogo pelo lado sul, de forma a apanharmos a estrada regional até às Furnas, oferecendo assim a oportunidade ao Cordell de conhecer um pouco da costa sul, com passagem por algumas praias e localidades muito conhecidas, como a vista par ao ilhéu da Vila Franca do Campos.
Por esta altura, o Cordell já nos tinha colocado à vontade quanto ao ritmo de passeio, ou seja, para impormos o ritmo que achássemos ideal para realizar esta volta.
Claro que aproveitamos para aumentarmos um pouco o ritmo em algumas zonas mais rápidas, de forma a recuperarmos tempo perdido.
Com este aumento de ritmo, percebemos que o Cordell acompanhava sem problemas, apesar das limitações da Transalp face às KTM. No fundo, dava para perceber que tinha muita experiência e muitos kms acumulados. Tínhamos homem à altura!
Chegados às Furnas, a visita obrigatória às Caldeiras:
As Caldeiras das Furnas também deslumbraram o Cordell e lembraram-lhe um pouco o “Yellowstone Park”, com as suas fumarolas e água a ferver.
Para sua sorte, teve a oportunidade de assistir à retirada do cozido das Furnas dos buracos situados na zona das Caldeiras:
Bem, estava visto qual seria o nosso almoço
Neste sentido, almoçamos nas Furnas um belo cozido, que muito foi apreciado pelo Cordell.
Com este belo repasto terminado, continuamos o passeio, com passagem pela Povoação, onde explicamos ao Cordell que tinha sido neste local que o povoamento da ilha tinha começado.
A dada altura o Cordell pediu-nos um cheirinho de fora de estrada, tendo a nossa resposta sido positiva.
Entramos numa das Lombas da Povoação, para apanharmos um bonito percurso fora de estrada que lá temos.
Pelo caminho, tivemos a sorte de apanhar este belíssimo arco-íris:
Alguma água para refrescar os ânimos:
E um pouco de diversão com este belo estradão, onde pudemos dar um pouco de liberdade ao acelerador.
Que belo cenário!
Também aproveitamos para da um saltinho à Tronqueira, onde aconteceu o insólito do passeio, ou seja, a dada altura a minha mota começou a falhar, tipo “engasgando-se”, até que parou.
Pior que tudo, reparei que não havia qualquer sinal de bateria…, comecei a suar um pouco.
No entanto, havia algo que não batia certo, porque não tinha tido qualquer sinal de falha de bateria e a mesma era recente.
Para dissipar dúvidas, optei por verificar primeiramente a bateria:
Assim que abri o compartimento da bateria, as minhas suspeitas confirmaram-se, um dos cabos da bateria estava completamente desligado:
Voltei a colocar o cabo, rodei a chave e já tinha novamente bateria.
Yeah!!!
Provavelmente o cabo estava mal apertado e a vibração fez o resto.
Com o problema resolvido, era tempo de seguir em frente, com o Cordell a trocar de mota temporariamente com o Miranda, de forma a experimentar pela 1ª vez uma KTM 950 ADV:
A nossa deslocação na Tronqueira foi muito divertida, ou não fosse este um excelente percurso para se retirar uma boa dose de diversão e adrenalina com estas motas “grandes”.
Paragem no miradouro da Tronqueira:
Nesta paragem as impressões do Cordell em relação à KTM eram, naturalmente, muito positivas. Ficou muito mpressionado com as suspensões, maneabilidade e motor. No fundo, o seu excelente comportamento no fora de estrada.
Bem, não ficamos surpreendidos, porque esta é a reacção que estamos habituados a ver em quem experimenta pela 1ª vez uma KTM 950 ADV.
Neste miradouro, o encanto era mais que natural e esperado, com o Cordell a referir que eramos uns sortudos a viver neste paraíso.
Já que estávamos na zona e visto que as condições meteorológicas estavam a favor, subimos atá ao Pico Bartolomeu.
Realmente, o Cordell era um homem sortudo, porque para uma 1ª vez na ilha, não apanhou nevoeiro nos pontos que lhe estávamos a mostrar, mesmo no topo do Pico Bartolomeu.
A vista estava mesmo arrebatadora e, uma vez mais, deixou o Cordell muito bem impressionado:
Vista fantástica!!!
Depois de tamanha beleza, ia ser difícil igualar em final de tarde, mas íamos tentar.
Voltamos à Tronqueira e posteriormente descemos até ao centro de Nordeste, para uma breve passagem pelo Concelho mais florido da ilha.
No entanto, o nosso amigo Cordell voltou a pedir-nos mais um pouco de aventura e fora de estrada e, tendo em conta a proximidade a que estávamos dos Graminhais, apontamos nessa direcção e aos espaços mais amplos que lá temos à nossa disposição.
Tivemos mais alguns bons momentos de off-road e sempre com o Cordell a msotrar-se mais que à altura dos desafios.
Deparamo-nos com zonas cobertas por extensos tapetes de cascalho, que pareciam compactos, mas que depois se revelavam moles e um pouco traiçoeiros. Mas nada que a malta não superasse.
Nos Graminhais ainda oferecemos mais uma vista ao nosso amigo, a qual apontava para bem próximo do Nordeste.
Uma vez mais, uma vista limpa se sem qualquer nevoeiro, que sortudos que somos.
Para mais tarde recordar:
Ainda nos Graminhais, o sol começou a dar sinais que estava na sua hora de “dormir”, vislumbrando-se no horizonte alguns raios mais alaranjados.
Lembrei-me de imediato de rumarmos até ao miradouro so Salto do Cavalo, que ficava a poucos kms de distância, para, com alguma sorte, apanharmos um belo por do sol sob o Vale das Furnas.
O por do sol conferia uma beleza especial nesta parte final dos Graminhais.
Apenas a descida fina à saída dos Graminhais é que não estava nas melhores condições, mas nada de transcendente.
Chegando ao Salto do Cavalo, cheios de pressa para não perder o por do sol:
E valeu bem a pena acelerar mais um pouco, porque não perdemos este fabuloso por do sol, com vista para o Vale das Furnas:
Momentos como estes são uma autêntica dádiva dos deuses:
Ninguém ficou indiferente a este momento.
Nada como um horizonte laranja:
Cordell bem podia considerar-se um homem de sorte, um dia sem chuva, sem nevoeiro e com paisagens magníficas. Não admira que no fim dizia que esta passagem pela ilha tinha sido inesquecível.
Bem, o passeio estava praticamente terminado, porque a luz do dia era quase inexistente, não sendo possível mostrar muito mais, para pena nossa.
Mas ainda assim, tivemos tempo de dar um saltinho até à fábrica de chá da Gorreana, onde o Cordell teve a oportunidade de provar um belíssimo chá, como só a Gorreana sabe fazer.
Escusado será dizer que aprovou.
Restou rumarmos até Ponta Delgada e despedirmo-nos do Cordell.
Este foi o nosso trajecto pela ilha:
Em jeito de conclusão, foi um prazer conhecer este “Adventure Rider” da terra do “uncle Sam“, bem como partilhar cerca de 300 kms deste pequeno paraíso chamado São Miguel.
Foi muito bom constatar que o Cordell adorou o passeio, adorou aquilo que viu, cheirou e provou, assim como gostou da nossa companhia e das horas que passamos com ele.
Se mais tempo tívessemos, mais faríamos, garantidamente.
Tal como o Cordell referiu, esperamos que mais oportunidades surjam para o mostrar mais da nossa ilha, assim como, quem sabe, um dia nos encontremos na sua terra, no Colorado, para umas voltinhas no deserto.
Até um dia destes Cordell!
Boas Curvas!