4º Episódio - É preciso ter sorte quando se tem azarNo dia anterior quando cheguei a Castelo Branco desliguei a mota em frente à casa dos meus tios e a bateria morreu por completo. Nem luz dava, deve ter descarregado tudo. Aqui fiquei já a pensar que alguma coisa estava errada para lá dos problemas da bateria, tinha feito uma hora de alcatrão, ainda por cima a andar bem, e ela chega aqui descarregada?
Meti a mota na garagem e ligámos um carregador de bateria que o meu tio lá tinha, e olha deixa ver se amanhã está em condições.
Assim, a primeira coisa que fiz no dia a seguir foi ir à garagem e dar à chave. O que quer que fosse, a bateria estava agora carregada e pronta a andar. Pequeno-almoço, vestir a tralha, despedir-me da família e pneu à estrada. Ainda me faltava fazer a paragem que me trouxe aqui mais uma vez, a visita à sra. minha Avó.
A 3 dias de fazer 86 continua com o sorriso que sempre lhe conheci e que quero continuar a ver mais vezes.
Passei uma hora e tal com ela e lá pelas 11:00 arranquei para a serra. Pus a GoPro a tirar fotos em automático, é desta fase que tenho mais fotos e ainda bem. Esta parte do percurso é uma delícia, pelo menos feito nesta altura. Muitas destas estradas entre as aldeias são num terreno feito de um pó muito muito fino, e quando chove fica um lamaçal mais complicado de gerir... Mas isso não era hoje, hoje estava uma maravilha!
Noutros sitios, era tudo estradas normais de floresta, tudo tranquilo de se fazer
Depois a dedeterminada altura comecei a subir para o topo de um monte
e sendo de uma aldeia ali perto nunca tinha ouvido falar deste sítio, o muradal da defesa da terra.
O que começou como um estradão que podem ver na ultima foto aqui em cima passou a ser uma estrada, literalmenete uma estrada mas sem asfaltar que corria quase no topo deste monte. Quando parei para por o video a filmar já ia a mais de meio, mas estava a ser uma delicia. Assim é que devia ser. Fazer as estradas mas não asfaltar
[youtube]http://youtu.be/z0Jb11nDTwo[/youtube]
O track continuava a levar-me sobretudo por estradões e a determinada altura entrei em zonas de pinhal mais cerrado. Foi aí que cheguei ao Estreito
Mais uns bocados de passeio e com uma gasadazita de vez em quando só para rir um bocado
[youtube]https://youtu.be/p3oI4TgbYZU[/youtube]
Depois de uma ligação em alcatrão entrei outra vez na terra e fiz mais uns kilómetros sempre a bom ritmo
Cheguei à aldeia de Cambas, bem bonita deitada na colina com o rio a passar em baixo e uma praia fluvial jeitosa...
mais umas fotos
Depois das Cambas entrei na terra outra vez, mais uns kilometros de tracks desta vez junto ao rio
Mas algures alguma coisa correu mal e de repente senti a mota a começar a rabejar nas curvas... quando fui ver já estava com o pneu de trás completamente em baixo. Lembrei-me que tinha visto umas casas acima de mim um bocado lá para trás e pensei logo que mal por mal, vou encontrar essas casas, se precisar de ajuda aqui em baixo ao pé do rio... tou fod#$%
Lá fui subindo até que chego e paro em frente à primeira casa da aldeia, a casa do sr. Adelino. A somba daquele pinheiro viria a ser o meu poiso durante algum tempo...
Tive um furo. Ok. Tenho ferramentas, tenho camara de ar... Não pode ser assim tão difícil!
O Sr Adelino apareceu, pedi-lhe um tronco que vi que ele tinha por ali para por debaixo do braço oscilante e levantar a roda, tirei o eixo, tirei a roda, o pneu estava pronto a sair, foi só meter-lhe os desmontas e tirar-lhe a a câmara de ar.
A seguir com muito cuidado, voltar a meter o pneu ao sitio, foi aqui que as horas a ver gajos a fazerem isto no youtube iam compensar, até o Sr. Adelino ajudou. Não demorei mais de 20 minutos, o que para mim... é um recorde mundial!
Mas a verdade é que fui traído... estava lá uma víbora, cheia de veneno, e com uns filha da p#$% de uns dentes mortiferos... reparem bem na gaja a afastar-se do pneu depois de lhe ter dado o "beijo da morte"!
Aqui começou a outra "aventura"... Quando fui encher a camara de ar... ela enchia até determinado ponto mas depois... nada.
Fod"#$"$...Fod"#$"$...Fod"#$"$...Bem, é tempo de acalmar e começar a pensar... Perguntei ao sr Adelino se ninguém tinha ali na aldeia um compressor, ele disse que sim, que o sobrinho dele tinha e lá fomos até à casa dele. Aquilo levava ar e ouvia-se o assobio passado uns dois segundos... bem... toca a tirar a camara outra vez.
Levava um kit de remendos que só acrescentou foi peso. Tentei reparar com o remendo mas aquilo nao segurava muito... ainda pensei que metido no pneu com pressão pudesse ficar mais estável. Toca de meter a camara no pneu, mas a "víbora" andava lá... mais dois picos
Quando ponho ar no pneu, mais assobios ainda! Toca a tirar a camara outra vez e lá estavam eles... três lindos furos
Ok... toca a pensar o que fazer... Tinha uma camara de 21 polegadas, que num aperto... sempre dão para safar... Mas o pessoal lá da aldeia que agora já eram uns quantos, começou a dizer para se ir a uma outra aldeia do outro lado do monte onde o gajo dos pneus devia estar aberto e remendava a camara de 18.
O filho do sobrinho do sr Adelino arranca comigo numa forguneta montanha acima em estradas de terra cheias de pedra e lá chegámos uns 15 minutos depois...
O tipo estava a sair para ir cortar lenha e quando lhe disse que precisava da ajuda dele... até revirou os olhos...mas acedeu! Arrancámos para a garagem e lá pusemos os remendos no sítio. Muito Muito Muito obrigado!
Caminho pelo monte outra vez, já com a roda pronta, foi só chegar à DRZ montar, despedir-me e agradecer e arrancar! Estive umas horas a ser ajudado por gente que nao conhecia de lado nenhum. Ofereceram-me comida, vinho, boleias, telemoveis e telefones... Quando se tem azar é preciso ter sorte. E eu tive muita sorte. Esta viagem podia ter acabado com a mota num reboque e eu num taxi de volta ao Porto... Bem hajam todos os que me ajudaram!
Mas a tarde estava perdida. Estava a três / quatro horas do Porto e já eram umas 16:00... A partir daqui foi uma viagem sem história, chegar rápido à N1, que merd"#$..., e chegar ao Porto o quanto antes.
Chego ás 20:00, e já só aliviado de ter chegado. A mota vinha a tremer um bocado de trás e quando fui ver tinha uma bolha gigantesca no pneu. Este está perdido, vai ter de levar outro, mas outra vez... tive muita sorte. Se tem rebentado durante a viagem... com o trânsito na N1... Podia não ter chegado cá.
E pronto, olhando para trás foi um fim de semana em cheio, em que me diverti imenso, e que também me fez pensar nas motas que tenho... Fiz dois dias a andar com a suposta motas das "voltinhas" curtas.
Mas não é. É que não é mesmo, por estranho que pareça, acho que cheguei menos cansado do que num fim de semana com a XChallenge. A DRZ para mim tem um problema, ainda não consegui acertar com a afinação da suspensão na frente. Tenho á volta de 70kgs e a frente parece-me sempre demasiado brusca na resposta. Mais retorno, menos retorno, mais compressão, menos compressão... Na estrada tudo bem, mas na terra e sobretudo na pedra, sinto mesmo que não consigo controlar a mota como quero. é sempre demasiado brusca. Se conseguir resolver isso sou capaz de ter uma XChallenge para venda. Compro um reboque para fazer as grandes ligações (tipo Porto - Alentejo) e depois faço os passeios sempre a curtir. É que descontando o problema da frente esta mota tem uma fiabilidade a toda a prova, um motor que para mim mais que chega, e esta conheço-a bem. Sei como está. Melhor que tudo comprá-la custa-me 0€...
Espero voltar a fazer esta volta em breve e quando o fizer aviso com tempo e aí meus caros, são todos bem vindo e assim seremos mais a contar a história!
Grande abraço
PS: alguém que me ajude a por o raio dos videos. uso o botao do youtube aqui quando estou a escrever mas isto nunca fica no sitio... que se passa?